sábado, 2 de abril de 2011

O primeiro microcomputador "transportável"



A revista Technologizer publicou uma matéria em referência aos 30 anos do Osborne1, o primeiro computador transportável (Não dá pra chamar de portátil algo que pesava quase 11 kg...) lançado em Abril de 1981. Lembro que naquela época essa maquininha virou a principal vedete nas feiras de informática pelo mundo afora e sonho de consumo de muita gente.

O carismático Adam Osborne (1939-2003), fundador da empresa Osborne Computer Corporation, virou uma celebridade internacional. Estava em todos os programas de TV e painéis de congresso sobre tecnologia e até escreveu alguns livros. Muita gente aprendeu sobre os microcomputadores com os livros dele (alguns em co-autoria com Lee Felsenstein, o projetista do Osborne-1) que foram traduzidos e lançados aqui no Brasil no início dos anos 80.O Osborne1, que custava uns US$ 2 mil, era baseado no processador Zilog Z80A e o sistema operacional CP/M 2.2. e foi o primeiro micro a ser vendido junto com software aplicativo (WordStar, SuperCalc e DBase II) . Apesar do sucesso inicial acabou sendo "atropelado" pelo IBM PC lançado meses depois, baseado na arquitetura Intel x86 e sistema operacional PC-DOS.

(Agradecimentos ao amigo Saliel Figueira pela sugestão de post)


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Faleceu Paul Baran, um dos dois criadores das redes de pacotes

[ 27/03/2011 ---> ttl=0 ]

Os conceitos de comutação de pacotes foram originados, de forma simultânea e independente, por pesquisadores da Inglaterra e dos Estados Unidos na década de sessenta. Um foi o britânico Donald Davies (1924-2000). Nos Estados Unidos, Paul Baran (1926-2011) foi o cara.

Ele trabalhava na RAND como principal engenheiro de um projeto de comunicação mínima essencial encomendado pela Força Aéra, cujo objetivo seria manter uma estrutura que pudesse, em um momento de ataque bélico inimigo, permitir alguma comunicação que viabilizasse o disparo de uma operação de contra-ataque. Nesse projeto Baran propôs o uso de redes de comunicação distribuídas (não centralizadas) com flexibilidade de comutação de pequenos blocos de mensagens (que depois vieram ser chamados de "pacotes") e propôs também que essa comutação precisaria atuar de modo "inteligente", ou seja, automatizada através do uso de computadores operando em modo digital e não mais através de equipamentos telefônicos convencionais operando em modo analógico.

A idéia era ter uma rede de pontos automáticos (não comandados), pela qual passariam os pacotes, de um ponto para outro, até que chegassem ao seu destino final. Esses pontos, ou nós, utilizariam um processo que Baran chamou de Hot Potato Routing (roteamento batata quente), ou seja, quando um nó recebesse um pacote, o guardaria, determinaria a melhor rota para o seu destino e o enviaria para o próximo nó no caminho. Ao usar computadores digitais como nós, isto seria feito a alta velocidade, permitindo essencialmente transmissões em tempo real. Os computadores poderiam utilizar estatísticas, atualizadas constantemente, acerca da rede e de cada um dos seus nós, para determinar qual a melhor rota em dado momento. Este método de usar informações constantemente atualizadas sobre a rede chama-se roteamento dinâmico.

A implementação dessa ideia, entretanto não chegou a ser possível naquele momento. As pessoas e empresas que seriam candidatas a realizar essa tarefa eram “totalmente analógicas” e Baran percebeu que, se as deixasse executar o projeto, esse simplesmente não funcionaria, causaria um enorme desperdício de dinheiro público e poderia condenar a nascente tecnologia (e, em última instância, as suas idéias) a um retumbante fracasso, o que dificultaria o trabalho de uma instituição mais competente no futuro. Por este motivo, preferiu usar seus contatos com os aprovadores de fundo de pesquisa para “congelar” o projeto.

As idéias de Baran, que inicialmente visavam as redes de comunicação de voz, acabaram abastecendo as pesquisas em redes de comunicação de dados, pois, apesar de não terem sido implementadas, foram disseminadas em periódicos especializados e eventos, além de seus relatórios terem sido enviados a outras agências e órgãos do governo. Um exemplo disso é a própria tecnologia que até hoje funciona no TCP/IP da Internet. Em 1967 Lawrence Roberts, então gerente do Projeto ARPANET decidiu pelo uso das redes de pacotes, após ter acesso às pesquisas da RAND e contar com a consultoria pessoal de Baran. É Interessante que o fato da ARPA ter obtido essa consultoria e indicado, em seu relatório original, que ARPANET era um exemplo de rede conforme recomendado pela RAND, pode ter dado origem ao mito de que a Internet (sucessora da ARPANET) é uma rede que foi criada para sobreviver a uma guerra nuclear, quando na verdade sempre foi uma rede que visava o compartilhamento de recursos computacionais e colaboração entre as instituições de ensino e pesquisa.